Na última madrugada, próximo da 01h14min, ocorreu o eclipse total da Lua em Escorpião. Na Lua Cheia, o luminar noturno se uniu por conjunção estreita à Cauda do Dragão, dando origem a um potente e duradouro eclipse, visível nas Américas, África e porções ocidentais da Eurásia.
Os eclipses sempre denotam o apagar de uma das luzes que concedem a vida, o Sol ou a Lua. Deste pressuposto deriva a sua conotação essencialmente maléfica, a depender do local do evento e de seus regentes. Neste eclipse da Lua, temos alguns fatores agravantes.
A Lua é eclipsada em Escorpião, signo de Marte, e onde experimenta a debilidade maior de queda. O nodo eclipsante é a Cauda do Dragão, de natureza antimaterialista, espiritual e diminuidora, análoga a Saturno. Além disso, a Lua está ligada a ambos os astros maléficos essenciais. Se separa de Marte e Saturno, por trígono e quadratura, respectivamente.
Devemos buscar pelo senhor do eclipse. A carta do evento, levantada para Brasília-DF, apresenta o ascendente no 11º do signo de Peixes. A Lua está colocada na casa IX e Marte, seu dispositor, ocupa o ângulo oriental do tema. Júpiter é o planeta regente da casa X, ângulo que precede o local do eclipse.
Para Ptolomeu, o senhor do eclipse deve ser eleito a partir da confluência de dignidades e testemunhos sobre o seu local e do ângulo que o precede. Deve ser dada preferência ao planeta que concentrar o maior número de dignidades e testemunhos mais próximos. Os planetas angulares têm primazia sobre os demais. William Ramesey, para além do que já foi dito, afirma que a preferência deve ser dada ao senhor do local do eclipse.
Considerando o mapa do evento para o Brasil e o que os autores clássicos nos ensinaram, podemos conceder a regência do eclipse para Marte. O pequeno maléfico rege a posição da Lua, testemunha seu local por trígono e está angular, na primeira casa do tema. Júpiter também participa, pois governa o meio do céu e lança os seus raios, por trígono, ao ângulo mais elevado da carta.
William Ramesey alerta que devemos observar a presença de estrelas fixas em posição notável na carta do eclipse, sobretudo, no local do eclipse, no meio do céu e no ascendente. A estrela Antares figura na culminação no mapa do fenômeno. O coração do Escorpião, rival de Ares. Aqui, temos mais um importante componente marcial – e escorpiano - agregado a este eclipse.
Quando é o senhor do eclipse, Marte indica um clima mais quente e seco, conforme as suas propriedades excessivas. Também ameaça com guerra, desobediência às leis, levantes, doenças febris, destruição de navios, seca e ameaça às reservas de água potável. Mas, vamos com calma, pois não acontecerá tudo isso. Considerando que o signo do eclipse e de seu senhor são da triplicidade da água, podem ser esperados eventos mais preocupantes envolvendo este elemento.
Logo, é mais plausível a ocorrência de algum acidente envolvendo mananciais de água, bem como, algum naufrágio mais importante. Apesar de representar um clima mais quente e seco, Marte está em um signo de água, que abranda o seu excesso de calor e secura, e concorda com o séquito da carta. Tende a representar males em menor medida.
O ascendente da carta do eclipse corresponde à casa IX do mapa de ingresso solar em Áries. A ocultação da Lua ocorre na casa IX do tema do eclipse. Logo, podemos esperar por problemas e reverberações envolvendo o Poder Judiciário. Considerando o mau estado cósmico da Lua, talvez se trate de alguma decisão com má repercussão para o país. Se trata de um ano eleitoral, logo, devemos ficar bastante atentos.
Júpiter acrescenta suas propriedades à natureza do fenômeno e para os eventos vindouros, pois rege o meio do céu, ângulo que precede o local da ocultação da Lua. O grande benéfico, com poder sobre o eclipse, anuncia abundância e crescimento de todas as coisas. Posicionado em Áries, no segundo signo e em sobreposição ao Sol e culminação do último ingresso solar, pressagia melhora nos indicadores econômicos e crescimento de poder e prestígio do governo. Em signo quadrúpede, beneficia os rebanhos e seus lucros.
O eclipse total da Lua em Escorpião durou um pouco mais de cinco horas no Brasil. De acordo com Ptolomeu, estimamos a duração de seus efeitos em cinco meses. A localização do eclipse, pelas casas astrológicas, também indicará a data provável dos eventos mais importantes análogos ao fenômeno. Na casa IX, há a indicação de aproximadamente três meses para a maior potencialização dos eventos, o que nos leva para o início da segunda quinzena de agosto. Aguardemos.
Por fim, falemos das estrelas fixas. Antares é a estrela que culmina na carta do eclipse no Brasil. É uma estrela tipicamente marcial, que rivaliza com Marte em brilho, cor e poder. Ptolomeu dá a Antares a natureza de Marte e, em menor medida, a Júpiter. Justamente, os dois senhores do eclipse. A estrela do coração do Escorpião traz belicosidade e imprudência. Em culminação, indica honras, promoções e boa fortuna.
Marte, o senhor do eclipse, forma conjunção com a estrela Markab, da constelação de Pegasus. Se trata de uma estrela da natureza de Marte e Mercúrio, para Ptolomeu. Com Marte, sinaliza belicosidade e problemas para os temas mercurianos. Considerando que Mercúrio rege as casas IV e VII, podem ser esperadas dificuldades nas relações internacionais e para a oposição ao governo.
O forte componente marcial deste eclipse, sinalizado pela regência e angularidade de Marte, combinado à fortificação de duas estrelas fixas de propriedades marciais, me inclina a ficar vigilante ao comportamento das forças armadas neste ano eleitoral no Brasil. O embate político, em um país ainda altamente polarizado, também é uma fonte de preocupação para os próximos meses.
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