segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

Motivação Primária



O assunto de hoje é a motivação primária. Ao lado do temperamento, do Senhor das Maneiras e do Almuten Figuris este tema abarca aquilo que há de mais essencial em termos de representação pessoal em qualquer natividade. Embora faça referência a um outro caminho de delineamento da motivação primária, ensinado pelo astrólogo Robert Zoller, a astróloga brasileira Clelia Romano define-a como a razão básica e inegociável para a existência de alguém.
Para proceder ao início da identificação da motivação primária de vida nos mapas natais é necessário observar a polaridade, a triplicidade e a quadruplicidade do signo ascendente. A seguir, está disposta a indicação dada pela natureza completa de cada signo, conforme a sua posição no ângulo ascendente das natividades.


De acordo com a sua polaridade:

Signos masculinos: são guiados pelo desejo - Áries, Gêmeos, Leão, Libra, Sagitário e Aquário.

Signos femininos: são guiados pela necessidade - Touro, Câncer, Virgem, Escorpião, Capricórnio e Peixes.


De acordo com a sua triplicidade:

Signos de fogo - desejam (signos masculinos) poder.
Signos de terra - necessitam (signos femininos) segurança material.
Signos de ar - desejam (signos masculinos) interação social.
Signos de água - necessitam (signos femininos) segurança emocional.


De acordo com a sua quadruplicidade:

Signos cardinais - significam ações, movimento e rapidez.
Signos fixos - significam estabilidade, durabilidade e concentração.
Signos mutáveis - significam alternância, dualidade, adaptabilidade.


Realizando um breve exercício, qual seria a motivação primária indicada pelo ascendente no signo de Áries? Por se tratar de um signo masculino e de fogo, Áries ocupando o ângulo ascendente denota que o nativo deseja poder. Como o signo de Áries é da qualidade cardinal, significa que o nativo empreenderá iniciativas e ações para tentar realizar a sua motivação primária de vida. Muito simples, não? Bom, este é apenas o começo do processo de identificação e análise da motivação primária das natividades.
Para dar sequência a esta interpretação é necessário analisar o planeta regente do ascendente. Através da análise deste planeta é possível identificar a forma pela qual o nativo tentará atingir a sua motivação primária de vida, bem como, se terá ou não sucesso nesta empreitada e quais assuntos de sua existência ocuparão a centralidade de suas mais profundas atenções.
Uma vez identificado o planeta regente do ascendente, é preciso analisar o seu estado cósmico completo, perpassando pela sua natureza essencial, pela tintura fornecida pelo signo cuja sua passagem se dá e pelos assuntos dimensionados pela casa astrológica que o abriga. Para fins de avaliação de suporte e realização da motivação primária, é necessário, também, avaliar o estado cósmico completo do planeta dispositor do regente do ascendente.
Continuando com o exemplo cujo ascendente da natividade é Áries. O indivíduo deseja poder e empreenderá ações e iniciativas para atingi-lo. Marte é o planeta regente de Áries. Vamos supor que Marte, neste mapa hipotético, esteja posicionado na casa X, no signo de Capricórnio. Com estas informações já podemos identificar que o nativo possui um foco muito expressivo em sua carreira, e o trabalho terá enorme relevância em sua existência.
Ao ocupar o signo de Capricórnio, Marte exalta-se. A esta altura, Marte possui dignidade, poder e exagero. Marte é um planeta quente e seco, de natureza rápida e precipitada. Capricórnio é um signo cardinal e de terra. Com esta configuração, se pode concluir que o nativo empreenderá ações práticas e incisivas no âmbito de sua carreira, com a finalidade de concretizar o poder desejado e materializá-lo em sua projeção profissional na sociedade.
Marte em exaltação e na décima casa acena para a concretização dos desejos de poder profissional, logo, da motivação primária de vida. Por haver uma fortificação muito importante envolvendo o modo cardinal, a configuração pode representar um nativo que age muito e excessivamente. Talvez, a edificação de uma quantidade menor de projetos profissionais se mostrasse mais benéfica ao nativo e àqueles que estão sob sua esfera de influência.
Agora, vamos fazer um exercício mais palpável e mais longo sobre o estudo da motivação primária. Trata-se de uma natividade feminina, com o ascendente no signo de Aquário, conforme o mapa abaixo:






 Aquário no signo ascendente assinala que a nativa deseja a interação social, humana e também o conhecimento, buscados através de processos que perpassam pela conservação e manutenção de ideais e valores pessoais. Saturno, planeta regente do signo ascendente, está posicionado no signo de Libra, na casa IX da natividade. Nesta casa, Saturno representa que a busca pelo conhecimento superior, pela fé e as grandes viagens, literais ou figuradas, serão os assuntos de foco principal da nativa para a tentativa de realizar a sua motivação primária de vida.
Considerando que Saturno encontra-se no signo de sua exaltação, sem maiores aflições, está denotado que a nativa obterá sucesso em sua busca por conhecimento e integração com esferas superiores e intangíveis da existência humana. Pelo fato de Libra ser um signo cardinal, a nativa empreenderá muitas ações para realizar sua motivação primária.
Saturno, um maléfico em exaltação nesta natividade, representa uma materialidade extremamente forte e ávida por conhecimento. Uma carreira que envolva o ensino e a lei pode ser considerada.
Mercúrio se aplica por quadratura a Saturno, a partir do signo de Capricórnio e da casa XI. Tal aspecto pode representar o inevitável e nem sempre agradável contato com o público e com o ofício. Tal configuração é muito comum em mapas de pessoas que são estudiosas e dedicadas a sua seara de atuação profissional. A conexão de Mercúrio com a carreira da nativa está explicitada pelo aspecto que envia à casa X, bem como, pelo ângulo de casa X que faz em relação à Parte da Fortuna da natividade.
Por se tratar de um planeta maléfico, Saturno assinala que o caminho a ser percorrido em direção à realização do propósito de vida maior da nativa pode ser permeado de muitos obstáculos e desafios. Saturno, como planeta regente da casa XII, significa que a falta de autoconfiança e possíveis momentos de melancolia e isolamento podem atuar como agentes procrastinadores da realização da motivação primária da nativa. Na esfera profissional, pode representar o estudo e o trabalho para com aqueles que são menos favorecidos na sociedade.

quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Os Planetas Dominantes

Um tema muito interessante e que sempre gera muitas dúvidas nos astrólogos e estudantes de Astrologia é aquele que aborda o planeta dominante em uma determinada carta natal. Primeiramente, devo ressaltar que existem diversas formas pelas quais um planeta torna-se dominante em um determinado mapa astrológico. Em cada uma das circunstâncias elevadoras de poder dos planetas há uma representação diversa e específica a ele atrelada. Cada supremacia planetária possui uma finalidade específica na interpretação astrológica, dentro do contexto do mapa natal analisado.
Por exemplo, qualquer planeta que esteja angular em uma determinada natividade está forte. Os planetas que, porventura, estejam em conjunção aos ângulos ascendente, meio do céu, descendente e fundo do céu em um mapa natal tem grande poder de representação na vida do nativo. A ordem dos ângulos aqui está disposta em poder decrescente, conforme o poder intrínseco à cada ângulo, embora o poder do meio do céu para determinados assuntos, que não estão ligados diretamente ao indivíduo em si mas a sua elevação no mundo e fama, possa ser superior ao do próprio ascendente em muitos casos. A presença de um planeta em uma casa angular, ainda que não esteja em orbe de conjunção a um dos quatro ângulos do mapa, dá igualmente força e poder de materialização de sua natureza essencial e acidental.
Um planeta angular tem a força necessária para materializar na vida do nativo os assuntos que estão sob a sua regência essencial e acidental. Diz-se que um planeta angular tem o poder de realizar a totalidade de sua promessa natal. Um planeta quando posicionado no ascendente de uma natividade traz a natureza planetária diretamente à personalidade, ao temperamento e ao modo de agir do nativo. Nesta posição, o planeta torna-se um candidato forte para ser eleito o Senhor das Maneiras da genitura, conforme já foi explanado em postagem anterior sobre este tema. Quando colocado no meio do céu, o planeta imprime a sua marca na carreira, fama e ações do nativo. Havendo a presença de um planeta na décima casa é muito provável que a vida profissional do indivíduo seja largamente marcada pela natureza deste planeta.
De qualquer forma, um planeta posicionado em qualquer um dos ângulos, sendo o ascendente e o meio do céu os mais proeminentes, lançam aspectos a todos os outros ângulos do mapa natal. Sendo assim, o planeta influencia pelos seus aspectos as bases mais importantes da natividade. Deve ser esquecido, neste momento, os assuntos específicos das casas angulares para o entendimento dos ângulos enquanto sustentáculos de qualquer mapa astrológico. A razão pela qual os planetas se tornam poderosos e influentes aqui não tem relação com a importância dos assuntos regidos pelas casas angulares, mas pelo fato dos ângulos serem os eixos dorsais do mapa astrológico, por representarem o nascer, a culminação, o ocaso e anteculminação de todos os astros errantes. O caráter preponderante dos ângulos se deve ao fator terrestre e primário do movimento do céu, precipuamente.
A angularidade de um planeta e a sua força concedida não podem ser confundidas com potencialidade benéfica. Um planeta em exílio ou queda pode estar em uma casa angular e sua força estará permeada da falta de dignidade celeste experimentada pelo planeta. Este mesmo planeta pode estar envolvido em maus aspectos, aflito de qualquer forma ou reger casas maléficas na natividade, fatos que atestam que a angularidade poderá significar muitos problemas ao nativo neste caso.
Outra forma pela qual um planeta pode tornar-se dominante em uma natividade é através da regência e disposição de diversos outros planetas e pontos no mapa natal. Por exemplo, em um tema natal que vários planetas ocupem os signos de Capricórnio e Aquário, Saturno distribuirá a sua influência em múltipla escala, influenciando os assuntos dos planetas que estão por ele dispostos.
Quando um planeta dispõe de muitos outros planetas e pontos importantes em uma genitura, ele pode ser o Almuten Figuris da natividade. Este planeta sagra-se vencedor após um longo processo de eleição, que leva em consideração critérios celestes, terrestres e referentes ao dia e hora de nascimento do nativo. Para estudar o cálculo do Almuten Figuris, especificamente, sugiro uma visita ao sítio eletrônico do astrólogo Paulo Silva: www.astrologiamedieval.com. Todavia, quando um planeta é regente múltiplo de outros planetas e pontos importantes da natividade, sobretudo os pontos hylegíacos, que são o ascendente, o Sol, a Lua, a Parte da Fortuna e a Syzygy Ante Nativitatem, é grande o testemunho de que este planeta seja o Almuten Figuris da natividade.
Este planeta representa uma outra forma de dominância sobre o nativo. O Almuten Figuris representa o ponto mais psicológico e imaterial da Astrologia Tradicional. Pode-se dizer que este planeta também simboliza o elo mais primordial entre o nativo e o divino. Tal planeta representaria a energia guardiã da natividade, inclinando o nativo a comportamentos de repetição para fins protetivos.
Todavia, esta proteção primária, guardiã, eu diria, não pode ser considerada benéfica ou maléfica em essência. Sua qualidade é completamente variável e obedece a todos os critérios de avaliação de um planeta em uma natividade para que sua representação de influência possa ser considerada benéfica ou maléfica, de acordo com o seu estado cósmico analisado. Um dos fatores diferenciais do Almuten Figuris é que a eleição pode recair sobre qualquer um dos sete astros errantes e, muitas vezes, sobre planetas que não gozam de dignidade celeste robusta ou posição celeste poderosa. É uma forma de dominância que pode ser dicotômica, em muitos casos, à dominância planetária pela angularidade em uma carta natal.
Um outro conceito de dominância que foi introduzido na Astrologia Tradicional, no período renascentista, notoriamente pelo astrólogo Willian Lilly, é o de Senhor da Genitura ou, no idioma inglês, "The Lord of The Geniture". Conforme critérios técnicos, que envolvem a atribuição ou abatimento de pontuação conforme as dignidades e debilidades celestes e terrestres, considerando ainda a combustão, a retrogradação, a velocidade, os aspectos com planetas benéficos e maléficos e com estrelas fixas. Inevitavelmente, a eleição recairá sobre o planeta que estiver melhor posicionado no mapa, considerando o número de dignidades essenciais e acidentais que possui e o mínimo de perda destas pelos fatores debilitantes (combustão, retrogradação, movimento lento, aspecto com planetas maléficos, etc). No entendimento deste astrólogo que aqui escreve, tal planeta apenas sinaliza que os assuntos a ele determinados serão resolvidos a contento, com um possível elevado grau de realização. Os períodos de ativação preditiva deste planeta podem ser positivos, igualmente. Todavia, tal astro não possui uma relação de dominância sobre a carta ou o nativo, salvo nos casos que estiver angular ou for o Almuten Figuris da natividade, por exemplo.
Um conceito de dominância contemporâneo que surgiu em muitos livros de Astrologia Moderna é o de dispositor final. Seguindo este entendimento, quando há apenas um planeta domiciliado e este planeta dispõe de um ou mais planetas, formando uma cadeia de disposição planetária, diz-se que o mapa analisado possui um dispositor final. Apesar da lógica inerente ao conceito, sabe-se que na práxis astrológica pode ser observado com certa facilidade que a esfera de influência está ligada, principalmente, pelo planeta responsável por determinado assunto e seu dispositor. Admite-se, ainda, a influência do dispositor secundário, ou seja, o dispositor do dispositor para a análise de determinado tema na natividade. Além disso, a esfera de influência torna-se muito distante e um planeta que não possua ligação direta com o planeta analisado ou com seu dispositor, terá pouca ou nenhuma significância de análise para a resolução ou não de qualquer assunto que esteja sendo interpretado em uma figura natal.
Um outro conceito moderno, o de planeta focal, encontra sustentação em fundamentos tradicionais de Astrologia. Para a Astrologia Moderna, é considerado um planeta focal aquele que envolve-se com diversos planetas por seus aspectos. De fato, um planeta que atue em uma carta natal desta forma, lançando e recebendo múltiplos aspectos, conectar-se-á a muitos temas da natividade, encontrando aqui a similaridade de dominância com um planeta que possua regência sobre muitos planetas ou pontos importantes em um mapa natal.
Enfim, sempre há muito o que dissertar sobre os planetas dominantes e de fato o tema é extenso. Conforme se pode concluir, um determinado mapa natal pode possuir mais de um planeta dominante, respeitados os tipos e formas de dominância que um planeta pode exercer em uma natividade.


domingo, 10 de setembro de 2017

Consultas Astrológicas

Bom dia leitores! Agradeço a todos que estão acompanhando o blog. Estou preparando novas postagens que irão abordar a motivação primária, o significador profissional e os planetas dominantes nas natividades. Aguardem!
Aproveito este momento para disponibilizar o meu contato para a realização de consultas horárias, natais e eletivas, seguindo os pressupostos da Astrologia Tradicional. Ofereço uma série de opções de interpretações de mapas astrológicos, atendendo as mais diversas necessidades dos clientes. Confiram!

Contato: dinhoastrologo@hotmail.com



quarta-feira, 23 de agosto de 2017

O Senhor das Maneiras

Hoje o assunto é o Senhor das Maneiras. Como existe uma grande afinidade com o tema do temperamento em uma natividade, esta postagem fará mais uma conexão com as possibilidades de manifestação da personalidade humana.
Nas vertentes modernas de Astrologia, imputa-se ao signo ascendente a “máscara” pela qual somos vistos. Seria aquilo que mostramos aos outros, a nossa “casca” exterior. Obviamente, este conceito está completamente equivocado. Tratarei do signo ascendente e da motivação primária de vida nas natividades em breve.
O Senhor das Maneiras, conforme o próprio termo técnico já induz pela sua terminologia, é o planeta que, dentro do contexto de uma genitura qualquer, representa a forma de agir de um determinado nativo. Dentro desta representação está também inserida a forma pela qual nos mostramos ao mundo, como as pessoas enxergam nossa postura, enfim, nossa maneira de ser social.
O procedimento de escolha do Senhor das Maneiras obedece a critérios específicos para a sua correta identificação. Eu recomendo a utilização da seguinte cadeia hierárquica para identificá-lo:

1 - Olhe para o signo ascendente e veja se existe um planeta em conjunção a este ângulo ou posicionado neste signo mas afastado da cúspide da primeira casa. Se este planeta gozar de dignidades essenciais, preferencialmente, poderá ser eleito o Senhor das Maneiras da natividade;
2 - Se não houver nenhum planeta posicionado no signo ascendente, nas condições mencionadas acima, procure um planeta que esteja envolvido por aspecto com a Lua e Mercúrio, simultaneamente. São admitidos aspectos aplicativos e separativos. Se existe um planeta que preencha tais condições, igualmente poderá ser escolhido como o Senhor das Maneiras da carta natal analisada;
3 - Se nenhum planeta estiver ligado por aspecto à Lua e Mercúrio, nas condições estabelecidas anteriormente, procure o planeta que possua o maior número de dignidade celestes, maiores e menores, nos graus de ocupação da Lua e Mercúrio no mapa natal analisado. Encontre o Almuten da Lua e de Mercúrio e os demais planetas que gozem de pontuação relevante nos seus lugares. O planeta que se destacar dentre os demais, pela acumulação de dignidades nas posições da Lua e de Mercúrio poderá sagrar-se como Senhor das Maneiras do nativo representado pelo mapa natal em análise;
4 - Se nenhum dos planetas obtiver destaque de pontuação por dignidades celestes nos locais da Lua e Mercúrio ou houver ainda empate entre dois ou mais planetas, sem pontuação destacada na carta analisada, o planeta regente do ascendente deve ser escolhido como o Senhor das Maneiras da natividade.

O esquema seletivo preposto é bastante simples. Contudo, o astrólogo ou o estudante de Astrologia irá deparar-se com temas natais que serão fonte de muita dúvida, pela força similar de mais de um planeta no mapa natal. Vamos analisar isto na prática:




No mapa natal apresentado em tela, de uma natividade feminina, podemos observar que não há nenhum planeta posicionado no signo ascendente, cumprindo às exigências dispostas no primeiro item dos critérios necessários para a escolha do planeta Senhor das Maneiras. Observa-se que não há um planeta ao qual a Lua e Mercúrio aspectem mutuamente. A Lua está em aspecto aplicativo de sextil a Marte, enquanto Mercúrio separa-se do sextil com Vênus, por retrogradação. A orbe lunar já não mais alcança a luz de Vênus, não há mais um sextil configurado. Logo, deve-se partir para o terceiro critério. Aqui, o planeta é encontrado com facilidade. A Lua e Mercúrio encontram-se no signo de Sagitário. Júpiter é o Almuten destes dois astros. Júpiter é, portanto, o Senhor das Maneiras da natividade.
Sendo o Senhor das Maneiras, Júpiter passa a imagem de otimismo, legalidade, sobriedade, justiça, bondade e espiritualidade. Em Capricórnio, signo de sua queda, estes valores pode ser diminuídos em seu poder, desprezados ou transladados para uma manifestação atípica, na percepção de terceiros. Ocupando a terceira casa do mapa natal, Júpiter pode evidenciar a sua posição como Senhor das Maneiras através dos processos de comunicação verbal ou escrita e também pelo convívio com irmãos.

sábado, 19 de agosto de 2017

O Cálculo do Temperamento - Uma Proposta Alternativa

          O temperamento é um tema extremamente fundamental na Astrologia. Fala sobre o corpo físico, sua saúde, aptidões naturais, predicados e defeitos pessoais. Todavia, devido à pluralidade de cálculos para se aferir o tipo temperamental predominante em uma natividade, muitas controvérsias são levantadas acerca de qual procedimento levaria o astrólogo a encontrar o temperamento de um nativo com precisão.
          Sobre o temperamento deve ser depreendido que ele é uma espécie de composto fundamental, através do qual ocorrerá a materialização das representações planetárias conectadas à individualidade de cada nativo, caso do regente do ascendente, dos luminares e de planetas que sagram-se vencedores em eleições específicas em uma genitura, como o Senhor das Maneiras e do Almuten Figuris, por exemplo.
            Primeiramente devemos compreender que após a realização dos pertinentes cálculos, muitas vezes iremos nos deparar com mais de um temperamento destacado na figura natal. Geralmente, existe um temperamento sensivelmente predominante e um outro ou dois que ocupam um caráter secundário. Mais raramente ocorre o destaque pleno de um tipo temperamental específico, situação na qual o temperamento fortalecido possui uma manifestação mais enfática. Existem quatro temperamentos, os quais estão abaixo nomeados, classificados e caracterizados:


Sanguíneo: temperamento quente e úmido. Possui a natureza de Júpiter. Encontra a sua analogia elementar com os signos de Gêmeos, Libra e Aquário. Caracteriza-se por materializar alegria, receptividade, animação, companheirismo, superficialidade, idealização e socialização.

Colérico: temperamento quente e seco. Possui a natureza do Sol e de Marte. Encontra sua analogia elementar com os signos de Áries, Leão e Sagitário. Caracteriza-se por produzir ação, liderança, objetividade, assertividade, ira, vivacidade e entusiasmo.

Melancólico: temperamento frio e seco. Possui a natureza de Saturno e de Mercúrio. Possui analogia elementar com os signos de Touro, Virgem e Capricórnio. É caracterizado por representar racionalidade, criticidade, tristeza, materialismo, pragmatismo, isolamento e inércia.

Fleumático: temperamento frio e úmido. Possui a natureza de Vênus e da Lua. Possui analogia elementar com os signos de Câncer, Escorpião e Peixes. Caracteriza-se por significar serenidade, maleabilidade, sensibilidade pessoal, introspectividade e impassibilidade.

         Após conhecidas, sinteticamente, as características temperamentais básicas, vamos falar a respeito do cálculo do temperamento. Existe uma proposta de cálculo temperamental extremamente sintética apresentada pelo astrólogo medievalista Robert Zoller, que leva em consideração o signo ascendente, o seu almuten e planetas que aspectam ou ocupam o signo ascendente. Tal proposta carece de alguns elementos fundamentais ao cálculo temperamental, uma vez que não considera a posição e a fase dos luminares, por exemplo, elementos preponderantes e recorrentes em diversas propostas de cálculo de temperamento.
          O método de Dorian Greenbaum apresenta uma estrutura mais completa do que o modelo proposto por Robert Zoller, com a atribuição de pesos distintos para os lugares do signo ascendente e da Lua. É considerado, também, através da aplicação deste método, o signo de ocupação do dispositor da Lua. A despeito de tal detalhe, o autor não considera os planetas que ocupam ou aspectam o ascendente.
          Após esta breve análise de modelos astrológicos de cálculo temperamental, apresento a seguinte proposta para a realização deste procedimento, com base na obra de autores como Ptolomeu e William Lilly. Para a identificação do tipo ou dos tipos temperamentais predominantes em uma natividade, devem ser analisados os seguintes pontos em uma carta natal:

1 - O signo ascendente;
2 - O planeta regente do ascendente;
3 - O signo lunar;
4 - A fase lunar;
5 - O signo solar;
6 - A fase solar;
7 - Os planetas que estão em conjunção ou aspecto ao ascendente.

        Para fins de critério de desempate ou fomentação do cálculo, podem ser adicionados os seguintes elementos:

8 - O almuten do signo ascendente;
9 - O Almuten Figuris da natividade.

          Neste modelo de cálculo temperamental que proponho não há a atribuição de pesos distintos. Cada ponto citado deve ser analisado no mapa natal e ser devidamente correspondido a um dos quatro tipos temperamentais, conforme a sua natureza elementar específica. Os temperamentos não devem ser decompostos em suas propriedades, ou seja, a pontuação gerada deve ser  conectada diretamente a um tipo temperamental (sanguíneo, colérico, melancólico e fleumático) e não as suas propriedades fundamentais (quente, frio, úmido, seco).
            Vamos aplicar este modelo de cálculo temperamental no mapa desta natividade abaixo:




1 - O signo ascendente - Escorpião.
2 - O planeta regente do ascendente - Marte.
3 - O signo lunar - Aquário.
4 - A fase lunar - aumentando em luz, sanguínea.
5 - O signo solar - Sagitário.
6 - A fase solar - outono do Hemisfério Norte, melancólica.
7 - Os planetas que estão em conjunção ou aspecto ao ascendente - Vênus em conjunção ao ascendente e Marte em trígono ao ascendente.
8 - O almuten do signo ascendente - Marte.
9 - O Almuten Figuris da natividade - Vênus.

        Correlacionando os signos, planetas e suas fases, se tem como resultado o seguinte.

Colérico: 04 (quatro) pontos - O planeta regente do ascendente, Marte, é quente e seco. O Sol está no signo de Sagitário, quente e seco. Marte, quente e seco, aspecta o ascendente através de um trígono. Marte, quente e seco é o Almuten do Ascendente.

Fleumático: 03 (três) pontos - O signo ascendente é Escorpião, frio e úmido. Vênus, fria e úmida, está em conjunção ao signo ascendente.

Sanguíneo: 02 (dois) pontos - A Lua está no signo de Aquário, quente e úmido. A Lua está crescente em luz, entre a lua nova e seu quarto crescente, logo, quente e úmida.

Melancólico: 01 (um) ponto - O Sol está em signo que corresponde ao outono do Hemisfério Norte, logo, frio e seco.

          Aqui podemos perceber que a natividade, do sexo feminino, possui o temperamento colérico como predominante. O temperamento fleumático aparece na segunda posição, seguido pelo temperamento sanguíneo. A nativa possui a grande maioria dos atributos de personalidade relacionados ao temperamento colérico, regados de doses emocionais exacerbadas e de um senso de socialidade mais leve, em certos momentos de sua vida cotidiana.
       Uma breve nota técnica de esclarecimento aqui: não fiquem confusos com a correlação de temperamentos baseados nas estações do hemisfério norte. Conforme já foi explanado na postagem “Os princípios básicos da Astrologia Tradicional”, há um privilégio implícito deste hemisfério na técnica astrológica. A tentativa de Inverter as estações já foi testada e os resultados foram negativos. Sugiro a leitura desta postagem que mencionei para que seja compreendido o porquê de tal preponderância do hemisfério setentrional do planeta para a existência da vida humana e das civilizações.
            Espero ter contribuído positivamente com os leitores na apresentação de um modelo de cálculo temperamental alternativo aos modelos mais difundidos no meio astrológico tradicional contemporâneo. Até breve!

terça-feira, 25 de julho de 2017

A Morte de Eloá Cristina - Estudo Astrológico Tradicional

            Esta postagem destina-se ao estudo astrológico, de finalidade didática, acerca da interpretação da carta natal de Eloá Cristina Pimentel, vítima de sequestro e assassinato em 2008, sob a ótica da Astrologia Tradicional e de suas técnicas preditivas pertinentes. A vítima, conforme dados de domínio público, nasceu às 23h40min do dia 05/05/1993, em Maceió-AL. O seu mapa natal pode ser visualizado abaixo:




Eloá nasceu sob um ascendente em Aquário, com Saturno posicionado no último grau do signo ascendente. Saturno rege o ascendente e a casa XII. A carta é noturna e temos a Lua em conjunção ao meio do céu, no signo de sua queda, em Escorpião. Este astro é o Hyleg, planeta doador de vida da natividade. Esta mesma Lua está em oposição partil ao Sol em Touro, angular, no fundo do céu.
Sejam em natividades, figuras horárias ou eletivas, as conjunções, as quadraturas e as oposições formadas pelos luminares são sempre nefastas. Caráter este que é acentuado pelo mau estado cósmico do Sol e da Lua, seja pela debilidade celeste, terrestre ou pela acidentalidade de estarem determinados por regência às casas maléficas ou envolvidos em aflições com os planetas maléficos.
No mapa em tela, percebe-se que a Lua, doadora da vida, está essencialmente debilitada por estar em Escorpião, local de sua queda. A oposição partil com o Sol, sem recepção, aflige-a ainda mais. A regência da Lua sobre a maléfica casa VI termina por sacramentar a sua posição como um astro maléfico acidental na carta analisada.
Cabe lembrar que esta Lua em queda está angular, dando-lhe poder para más significações. A Lua, antes de sair de Escorpião, aplicar-se-á por quadratura a Saturno, reforçando mais um testemunho de seu caráter maléfico. A posição debilitada, em signo de planeta inimigo, reforça seu teor destrutivo e incapaz de ser mantenedora segura da vida doada.
O planeta destruidor da vida é chamado de Anareta. Existem muitas formas de identificar tal significador. Todavia, preferencialmente Saturno ou Marte tem vocação especial a ocuparem tal posição. Outros astrólogos (Morin, por exemplo) recomendam a análise do planeta regente da casa VIII, do dispositor do regente da casa VIII, de planetas na casa VIII, dentre outras indicações. Saturno é o planeta que tem o maior testemunho para ser escolhido como Anareta desta natividade, pois é o maior maléfico natural (pior para os nascidos à noite) e rege uma casa igualmente maléfica e de desintegração, a casa XII. Mercúrio, planeta regente da casa VIII, está peregrino e cadente na casa III, em Touro. Vênus, exilada em Áries, lança uma oposição à casa VIII. Júpiter está posicionado em Libra, signo de sua triplicidade, na casa VIII. Os dois astros benéficos tem algum testemunho sobre a morte da nativa também, sendo co-significadores anaréticos.
O evento violento se deu em outubro de 2008. Neste período estava ativada a Firdaria de Saturno, o Anareta da carta. O subperíodo era o de Vênus, planeta dispositor do regente da casa VIII e com testemunhos sobre a morte da nativa. Em maio de 2008, a Profecção do ascendente chega ao décimo nono grau de Touro. A Lua é regente do ano e o Sol, um importante assistente. Conforme o mapa revolucional abaixo, o Sol e a Lua estão em conjunção no signo de Touro, na casa VIII da Revolução Solar. Este testemunho reativa a configuração tensa que envolve os dois luminares no mapa natal, bem como, traz a casa VIII e o tema morte em evidência para o ano.






Cabe ressaltar, também, que o ascendente do mapa revolucional de 2008 traz em elevação o signo de Libra, lugar de Júpiter natal, que corresponde à casa VIII radical, fomentando a indicação de morte e perigo à vida da nativa. Em complemento, Vênus, sub-regente da Firdaria e co-significadora de morte no mapa natal, ocupa também a casa VIII do mapa de Revolução Solar.
Saturno, o planeta destruidor da vida, ocupa casa XII do retorno solar, reativando sua analogia essencial e acidental, no mapa da nativa, com esta casa. A casa XII significa privação de liberdade e encarceramento. A posição de Saturno corresponde à casa VII natal, indicando que os maiores problemas viriam de parcerias e uniões. Este testemunho confirma a promessa natal, uma vez que o Sol, que fere a Lua, no mapa natal e no mapa revolucional, é regente da casa VII no mapa radical.
Chegando ao topo das técnicas preditivas disponíveis, a análise das Direções Primárias mostra a direção de quadratura da Lua dirigida a Saturno, que teve início um pouco antes do seu último aniversário. Era a direção mortífera, do Hyleg ao Anareta. O melhor candidato a Alcocoden, planeta doador dos anos de vida, de Eloá, era Mercúrio, pois regia os termos do Hyleg. Todavia, os raios de Mercúrio não se projetam sobre seus termos, em Escorpião. Valens afirmava que quando o Alcocoden não lança sua luz sobre o lugar do Hyleg, os anos por ele prometidos são ameaçados e podem não ser cumpridos em sua totalidade. Mercúrio lhe daria 20 anos de expectativa de vida, seus anos menores, caso houvesse a sua guarnição ao Hyleg. Seguindo um outro caminho, Marte poderia ser escolhido como Alcocoden, por ser Almuten do Hyleg. Como planeta maléfico, cadente e sem maiores dignidades e aflições, daria também seus anos menores, 15 anos.




Eloá morreu com 15 anos, 5 meses e 13 dias. Ela foi mantida em cárcere privado (Saturno, casa XII), por motivos passionais e violentos (Vênus em signo de Marte, testemunhando a casa VIII), juntamente com a amiga (Júpiter, regente da casa XI, testemunhando e presente na casa VIII) e acabou por ser executada com um tiro de arma de fogo (morte violenta, conforme vários testemunhos já elencados).No início do evento, por trânsitos, a Lua estava em Áries, ativando Vênus natal, sub-regente da Firdaria. Mercúrio estava em Libra, passando pela casa VIII natal, a qual rege. Marte estava em Escorpião, opondo-se a Mercúrio natal e tensionando a oposição Sol-Lua do mapa radical. Através das direções da profecção, o evento foi disparado quando o grau do ascendente profectado chega a Gêmeos, signo e termos de Mercúrio, senhor da casa VIII natal e faz aspecto de quadratura com Saturno revolucional, em Virgem, na casa XII.
Esta interpretação astrológica nos convida à análise do polêmico tema da morte, inexorável para todo o ser humano, sob o prisma analítico da tradição astrológica. A primeira lição nos leva a considerar o caráter potencialmente destrutivo de planetas maléficos determinados às casas maléficas. Este testemunho torna-se ainda mais poderoso se existe a angularidade. Ficou evidenciado que a dignidade celeste não torna um planeta maléfico menos nefasto em sua simbologia se a sua determinação natal é ruim. Este é o caso de Saturno em Aquário no mapa de Eloá, regente da casa XII e posicionado no ângulo ascendente.
Outra evidência interessante está no potencial destrutivo dos luminares quando ocupam os ângulos de uma natividade e estão em mau estado cósmico. É o caso da Lua da nativa, em queda e regente da maléfica casa VI. A mútua aflição dos luminares, através de seus aspectos de quadratura, oposição e conjunção mostra-se igualmente como um fator negativo, assim como em cartas astrológicas de outras naturezas. Há aforismos que advogam que a presença desafortunada dos luminares nos ângulos pode ser fator predispositor ao suicídio. Eu acrescentaria que tal configuração predispõe, igualmente, à morte violenta de qualquer natureza.
Por fim, comprova-se que quando as técnicas preditivas de alta e média hierarquia anunciam um evento prometido na natividade, por suas ativações simultâneas, a realização deste torna-se completamente factível durante o período analisado. A típica combinação preditiva astrológica medieval, composta pela junção da Firdaria, Profecção e Revolução Solar, somadas ao elevado testemunho das Direções Primárias, mostram acurácia analítica e preditiva extremamente elevadas na prática astrológica.
O refinamento de tempo, que deverá ser buscado dentro do intervalo anual analisado pelo astrólogo, para uma delimitação mensal, semanal e diária do evento prometido, deve dar-se a partir da utilização de técnicas preditivas auxiliares, como as Direções da Profecção do Ascendente, Direções do Ascendente da Revolução Solar, Revoluções Lunares e Trânsitos.
O que pode ser depreendido a partir da análise deste mapa e de outros que realizei cujo falecimento deu-se precocemente através de doenças, é que os testemunhos de morte são muito mais sutis se comparados àqueles nos quais a morte deu-se por causa violenta. Quando se tem esta situação, seja pela morte violenta acidental, causada dolosamente por terceiros ou autoinduzida, observam-se testemunhos mais numerosos e agressivos, envolvendo os ângulos, os planetas maléficos, os luminares, as casas maléficas e seus regentes, seja na natividade, seja na análise preditiva de direções e mapas revolucionais. Em comum, pode ser observado sempre algum ataque ao Hyleg ou o esgotamento dos anos prometidos pelo Alcocoden. Igualmente, as técnicas preditivas trazem à luz pontos nevrálgicos da natividade que estão conectados à morte, como as casas VIII, VII e IV, em destaque, e os planetas de manutenção ou destruição da vida, como o Hyleg, e todos os significadores anaréticos, que são Marte e Saturno, os senhores da casa VIII e os eventuais planetas ocupantes desta casa maléfica.

segunda-feira, 10 de julho de 2017

Direções Primárias - Conceitos Básicos




As Direções Primárias estão dentro do escopo de técnicas preditivas de elevada hierarquia e alto poder preditivo dentro da Astrologia. Eram conhecidas até a modernidade apenas por Direções. Somente após a introdução da técnica moderna de Direções Secundárias é que recebeu a adjetivação que lhe aplicamos atualmente. As Direções Primárias baseiam-se no movimento primário do céu, ou seja, aquele que traz todos os astros do hemisfério oculto do mapa até o ascendente, à luz e ao conhecimento. É o mesmo movimento que igualmente leva todos os astros ao ocaso, deixando a visibilidade e passando à ocultação, a partir do momento no qual cruzam o descendente. O exemplo mais palpável deste movimento é aquele que o Sol faz todos os dias, desde o nascer até o ocaso. O movimento primário do céu é o movimento de rotação da Terra.
Um mapa astrológico não é nada mais do que um registro estático de um céu que está constantemente em movimento. Apesar desta característica, a vida e o tempo seguem seu movimento a partir do nascimento, no caso dos mapas das natividades, por exemplo. É através deste pressuposto que a técnica das Direções Primárias trabalha, fazendo a correlação da progressão do tempo cronológico, do tempo vivenciado pela natividade e da razão temporal dada pelo movimento primário dos céus.
Geralmente as Direções Primárias são apresentadas como uma técnica muito difícil, cujo aprendizado requer anos de prática astrológica. Outros dizem que esta técnica é capaz de prever eventos com precisão milimétrica. Há, ainda, aqueles que advogam a favor de um ou outro software de Astrologia, sendo este, o escolhido pelo Astrólogo, o único que calcula as direções corretamente. Todos estes argumentos estão incorretos no todo ou em parte.
O cálculo das Direções Primárias, sem software astrológico, é realmente complexo. Exige-se conhecimento e domínio de trigonometria esférica e do movimento astronômico do céu. Todavia, como há ampla disponibilidade de softwares de Astrologia com excelente qualidade e fidedignidade, inclusive gratuitos, caso do software Morinus, por exemplo, calcular corretamente as Direções Primárias perpassa pelo conhecimento técnico que permite dirigir os pontos corretos do mapa analisado e pelo domínio das configurações do software, que impede que dados sejam lançados de forma equivocada e falsas direções apareçam para a interpretação astrológica.
Respeitadas as regras ditadas pela Astronomia, pela Matemática e pela Geografia, com suas sistemáticas precisões, pode-se afirmar que, basicamente, a razão temporal das Direções Primárias possui a seguinte equivalência:

Um (01) ano de vida equivale a quatro (04) minutos de tempo cronológico e a um (01) grau de longitude na eclíptica.

Vou exemplificar para que haja maior clareza na compreensão desta relação fundamental. Para isto, utilizarei um exemplo bem simples, do mapa de minha natividade. Ao analisar a carta, é possível observar que o ascendente do mapa está no primeiro grau do signo de Capricórnio e Júpiter encontra-se no sétimo grau deste mesmo signo. Através das Direções Primárias este ascendente será dirigido na razão temporal já mencionada e chegará aos raios de Júpiter em uma data específica, próxima aos sete anos de idade do nativo. Neste caso, teremos a seguinte direção configurada:

Ascendente dirigido em conjunção a Júpiter.





Aqui já se pode definir alguns conceitos. O ascendente é o significador, o ponto dirigido. Júpiter é o promitor, é o ponto para o qual dirige-se o significador. Somente pontos específicos de um mapa podem ser eleitos como significadores. São, em síntese: o Ascendente, o Meio do Céu, a Parte da Fortuna, a Lua e o Sol. A Lunação Anterior ao Nascimento ou Syzygy Ante Nativitatem também pode ser dirigida, principalmente no caso em que a lunação for, por ventura, Hyleg da carta analisada.
Os demais planetas serão sempre promitores e receberão as direções dos significadores: Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno. O Sol e a Lua podem ser promitores também, desde que estejam recebendo a direção de um determinado significador. Os nodos lunares devem ser considerados como promitores, tal qual ocorre com os astros errantes. As estrelas fixas de maior relevância e significação do céu podem ser interpretadas igualmente como promitores, em situações que envolvam assuntos de toda a sorte, conforme suas naturezas específicas.
As Direções Primárias se dão apenas por aspectos ptolomaicos e por conjunção. A direção exemplificada é de grau extremamente simples, pois envolve um ângulo como significador e um outro planeta como promitor. Outras direções não serão visíveis com tanta facilidade, pois dar-se-ão por aspectos diversos e envolvendo dois astros e, inclusive, com a possibilidade de um astro como o Sol ou a Lua atuarem como promitores.
Cabe ressaltar, ainda, que todas as direções são diretas, dos significadores em relação aos promitores. Não existem direções conversas, dos promitores em direção aos significadores. Cada direção terá o seu início a partir da data exata de sua ocorrência, quando o aspecto que a forma torna-se partil. A direção chega ao fim quando o significador envolver-se por conjunção ou aspecto a outro promitor. Nesta altura, inicia-se uma nova direção.
É preciso desconstruir o mito de que as Direções Primárias estão conectadas à ocorrência de eventos com extrema pontualidade. As Direções Primárias possuem muita semelhança com a Firdaria e esta é uma afirmação irrefragável. Como a Firdaria, as Direções Primárias marcam períodos de média ou longa duração, nos quais os eventos prometidos podem materializar-se. Outra semelhança entre estas duas técnicas previsionais está no alto poder preditivo que ambas possuem, estando em posições hierarquicamente superiores àquelas ocupadas pelas Revoluções Solares e Profecções.
Mas, apesar da extrema relevância astrológica preditiva, uma direção sempre materializará um evento? Não. As Direções Primárias e a Firdaria podem receber analogia com determinações de um governo federal, por exemplo. Há verticalidade no poder e o que está determinado por elas desce em meso e microescala política na natividade. Mas, nem toda determinação federal é aceita e aplicada amplamente sem contestação ou procrastinação nas escalas inferiores. Por isso, quando identificada uma direção, torna-se necessário analisar a Revolução Solar e a Profecção do ano ou dos anos pertinentes.
Por exemplo, configura-se uma direção do ascendente dirigido por quadratura a Marte. No primeiro ano, Marte está fraco na Revolução Solar e a Profecção não lhe concede poder algum. A ativação passará em branco, provavelmente. No segundo ano, Marte está fortalecido na Revolução Solar e é regente da Profecção do ano. Agora, a agenda federal recebe o apoio e a força das esferas médias e inferiores e a chance de materialização do evento predito é extremamente elevada.
E qual será o evento que vai se materializar pelas Direções Primárias? Aqui temos a equação mais complexa desta técnica. Primeiramente é necessário analisar o significador. Eles tratam do seguinte:

Ascendente: corpo físico, saúde, motivações e ações do nativo; 

Meio do Céu: carreira, promoções, mudanças no curso da vida, mudanças de lar, incluindo para lugares distantes e casamentos também; 

Parte da Fortuna: sorte, prosperidade material, saúde e relação íntima com o corpo físico;

Sol: vitalidade, inspiração, o espírito anímico, o brilho, o paterno e também o Hyleg, quando assim estiver configurado;

Lua: emoções e reações primordiais, a alma, o corpo físico, a popularidade, a fama, o materno e também o Hyleg, quando assim estiver configurada.

Após a identificação do significador e suas características essenciais específicas, partimos em direção do promitor. O promitor permeará o possível evento conforme a sua natureza essencial e acidental, enfim, seu estado cósmico e sua relação radical com o significador. Através da análise do promitor nas Revoluções Solares e Profecções e seu grau de concordância ou discordância com os assuntos aos quais está determinado no mapa radical é que se pode ter um diagnóstico preciso de qual tema será materializado, observando sempre o caráter operacional de cada planeta, seja ele benéfico ou maléfico, em bom ou mau estado cósmico e regente de boas ou más casas na natividade. Somente após todo este detalhamento interpretativo é possível dar um prognóstico preditivo preciso.
Estas são as Direções Primárias, sinteticamente. Muito há para dizer ainda, desde as questões mais técnicas até àquelas de natureza menos complexa e mais prática, como as Direções Primárias dos significadores através dos termos planetários ou ainda sobre como configurar o software astrológico, que deve ser utilizado para auxiliar as interpretações astrológicas. Mas, haverá ainda o oportuno tempo para se trazer estas ideias para apresentação e discussão neste espaço. Até breve leitores!




terça-feira, 20 de junho de 2017

A Fortuna das Natividades


Quantas vezes ouvimos falar em sorte e azar na vida? Fala-se que uma pessoa é feliz e bem sucedida, enquanto outra é miserável e infeliz. Obviamente, sempre há margem para as dimensões positiva e negativa da vida, em todas as genituras. Todavia, através do estudo astrológico natal, pode ser aferido o grau de facilidade e de obstaculidade que um determinado nativo experimentará ao longo de sua jornada vital e seu nível de contentamento ou descontentamento perante estes acontecimentos vivenciados. A seguir, elencarei uma série de critérios de análise que permitem ao Astrólogo e ao estudante do saber astrológico a possibilidade de desvendar os meandros mais relevantes da natureza das natividades, respeitantes a sua fortuna.


Dos planetas


Maior será a fortuna de uma natividade se houver a prevalência dos planetas benéficos e dos luminares na carta de nascimento. Se os benéficos e luminares estão angulares e os maléficos sucedentes ou cadentes é uma situação conveniente a priori. Se os maléficos estão angulares e os benéficos estão sucedentes e principalmente cadentes, não é auspicioso para a genitura.


Da concordância dos planetas com o caráter do mapa


Os planetas operam de forma mais positiva quando concordam com o caráter do mapa, ou seja, diurno ou noturno. O Sol é o astro determinante do dia e a Lua, da noite. Júpiter, benéfico, quente e úmido, é astro diurno e concorda com o Sol. Saturno é maléfico, frio e seco extremo. Para um melhor funcionamento e amenização de suas propriedades desequilibradas, seu hemisfério é o diurno, em concordância com o Sol. Vênus é benéfica, fria e úmida, astro noturno e concorda com a Lua. Marte é extremamente quente e seco. Para amenizar o seu desequilíbrio, fica melhor posicionado no hemisfério lunar, onde seu calor e secura são abrandados. Mercúrio é conversível, se estiver oriental e em signo masculino torna-se planeta diurno e em concordância com o Sol. Se estiver ocidental e em signo feminino será planeta noturno e concordará com a Lua. Nos demais casos, devem ser analisadas as posições e associações de Mercúrio para descobrir seu caráter diurno ou noturno na natividade.
Se uma natividade é diurna, é bom que Júpiter e Saturno estejam acima do horizonte. Em uma genitura noturna, a Lua deve estar acima do horizonte, na companhia de Vênus e Marte. Proporcionalmente é melhor que em uma natividade diurna a Lua, Vênus e Marte estejam abaixo do horizonte, hemisfério noturno no mapa. Em natividades noturnas, Júpiter e Saturno devem estar abaixo do horizonte, no mesmo hemisfério solar.


Da dignidade essencial dos planetas


Os planetas quando posicionados em suas dignidades, sendo mais forte este argumento quando trata-se dos luminares e dos benéficos, produzem efeitos mais positivos e duradouros. Os maléficos em suas dignidades podem promover resultados finais positivos. Mas, ao tratar-se de planetas com esta natureza, tal dignidade não é garantia de fortuna perene e nem de afastamento dos maiores perigos para o nativo.


Da dignidade acidental dos planetas


Os planetas quando posicionados em casas fortes e afortunadas produzem resultados fortes e duradouros, principalmente quando trata-se dos luminares e das fortunas. Os planetas posicionados em casas fracas simbolizam poucos resultados. E, se tratar de um maléfico e de uma casa desafortunada, o resultado será muito ruim.


Da determinação dos planetas às casas astrológicas


Os planetas estão determinados às casas astrológicas que ocupam, regem e aspectam na natividade. Os planetas benéficos quando estão determinados às boas casas da figura e fortes pelos critérios essenciais e acidentais, prometem grande felicidade. Os maléficos quando, nas mesmas condições, estão determinados a estas casas, podem conceder o bom resultado final, mas às custas de lutas e sofrimento. Os planetas benéficos quando estão determinados às más casas da figura e gozam de excelente estado cósmico, suprimem ou impedem a produção dos males atrelados. Quando trata-se dos maléficos, em bom estado cósmico, o mal não é suprimido, mas é dada a oportunidade de vitória após o sofrimento através dos assuntos das casas más a eles determinadas.
Em adversas condições celestes e terrestres, os benéficos são ineficazes na realização dos bons assuntos das casas astrológicas determinadas a eles e da supressão dos males das casas que por ventura estiverem conectados a eles por determinação. Os maléficos, em mau estado cósmico, impedem ou destroem os bons significados das casas astrológicas benéficas sobre sua determinação. Se estiverem em mau estado e determinados às más casas da natividade, promovem a realização dos maiores males. O estado medíocre dos planetas deve ser julgado como uma média entre o bom e o mau estado cósmico, tanto para as fortunas como para as infortunas.
Em síntese, os benéficos apegam-se aos bons significados essenciais das casas boas e aos bons significados acidentais das casas más. Eles tentarão realizá-los. Já as infortunas apegam-se aos maus significados essenciais das casas más e aos maus significados acidentais das casas boas. Eles tentarão realizá-los. Quanto maior for a afinidade entre o planeta e os assuntos a ele determinados, maior será a capacidade de realização. Quando maior for a dissonância entre estes entes, maior será a chance de impedimento, com ênfase ao tratar-se dos planetas maléficos.


Dos aspectos


O resultado final de um planeta depende dos aspectos aos quais está envolvido. Boas conjunções e aspectos fluentes entre luminares e fortunas produzem resultados excelentes se estão fortes na natividade. Os aspectos rudes entre estes são passíveis de análise pormenorizada, podendo tender ao bem ou ao mal. Os aspectos dos planetas maléficos, mesmo fluentes, podem representar problemas. Os seus aspectos odiosos e conjunções sempre significam problemas e estes serão fortes se as infortunas estiverem fortes na genitura.
As dignidades essenciais e a recepção podem amenizar os problemas significados pelos maus aspectos e fomentar o bem prometido pelos aspectos bons. Bons aspectos vindos de planetas benéficos ao ascendente, meio do céu, parte da fortuna e aos luminares são auspiciosos. Maus aspectos vindos de planetas maléficos a estes importantes pilares da genitura são nefastos.


Dos signos


Quando há predominância de signos de planetas benéficos e dos luminares na natividade, seja pela posição do ascendente, meio do céu, da parte da fortuna, dos luminares e do regente do ascendente nestes locais, melhor temperamento, maiores facilidades e felicidades são prometidas. Se os importantes pontos e astros citados estiverem em signos de maléficos, é prometido temperamento mais difícil, dificuldades e lutas e menor satisfação com a vida.


Dos Termos


Cada signo zodiacal é dividido em porções desiguais chamadas de termos, atribuídas aos cinco astros errantes, com exceção dos luminares. Sua importância e significado é semelhante aos domicílios planetários. Quando os principais pontos e astros da genitura encontram-se nos termos de planetas benéficos, o significado e a sorte tornam-se mais positivos ao nativo. Se estes pontos estão posicionados nos termos dos planetas maléficos, o significado e a sorte tornam-se mais negativos para a natividade.






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terça-feira, 13 de junho de 2017

Benéficos e Maléficos - Dicotomia

Uma das maiores dicotomias terminológicas da Astrologia encontra o seu lugar quando diferenciamos os planetas em benéficos e maléficos, no decurso de uma determinada análise astrológica sobre um mapa astrológico qualquer. Há um entendimento equivocado, contudo, em muitas interpretações sobre o tema. Os termos tornam-se mais palpáveis quando se é depreendido que planetas benéficos sempre significam eventos agradáveis, enquanto os planetas maléficos sempre estão ligados aos eventos indesejáveis e penosos. Entretanto, é necessário aprofundar-se mais sobre o assunto, para entender que agradável não significa necessariamente um bom desfecho e desagradável não significa um final necessariamente ruim.
Os planetas benéficos naturais são Vênus e Júpiter, somados ao Sol e Lua, quando estes últimos estão bem configurados para tal. Porém, foquemos em Vênus e Júpiter. São os astros errantes mais brilhantes do céu. São humoralmente equilibrados. Seus domicílios fazem bons aspectos aos domicílios dos luminares. Os eventos simbolizados por estes dois planetas sempre serão permeados de adjetivos que qualificarão os eventos como suaves, prazerosos e agradáveis.
Marte e Saturno são considerados planetas maléficos naturais. O Sol por sua conjunção corpórea também é maléfico, assim como a Lua, quando mal configurada. Marte e Saturno são destemperados, contrários à vida. O brilho de suas luzes no céu é opaco. Os seus domicílios fazem mau aspecto ao domicílio dos luminares. Marte é quente e seco, mais seco do que quente, contrário à vida. Saturno é frio e seco, mais frio do que seco, totalmente contrário à vida. As experiências destes dois planetas são taxadas como difíceis, árduas, penosas e geradoras de sofrimento físico e psíquico.
Certamente existe uma analogia maior entre os planetas benéficos e aquilo que é bom e termina bem, assim como os planetas maléficos possuem a analogia inversa, de significar eventos ruins e que acabam mal. Vênus e Júpiter apegam-se com mais facilidade à dimensão mais leve e frutífera da vida, enquanto Marte e Saturno conectam-se com muita facilidade com tudo aquilo que é denso e nos traz sofrimento durante a nossa existência.
Mas, na vida, tudo depende. Muitos eventos agradáveis terminam muito mal e experiências difíceis podem conduzir ao sucesso. Para um diagnóstico preciso é necessário avaliar o estado cósmico geral do planeta. Por exemplo, Vênus ou Júpiter, ocupando suas dignidades celestes, posicionados em boas casas astrológicas, livres de maus aspectos de planetas destrutivos e sem conexão maior com casas astrológicas infelizes. Neste caso, tudo aquilo de agradável significado por estes planetas chegará a um ótimo fim. Porém, se Vênus ou Júpiter estiverem em mau estado cósmico, pela sua posição em signos que lhes causem debilidade maior, em casa astrológica infeliz, regendo alguma destas casas e aflitos por maus aspectos de planetas maléficos, os eventos de caráter agradável por eles simbolizados chegarão a um mau fim. Pode ser a comida que gera enfermidades e morte. Através do sexo o nativo pode adquirir, igualmente, doenças. Esta é a forma que os planetas benéficos possuem de conectar-se aos maus temas da existência humana: através de boas experiências se atinge resultados finais extremamente negativos.
Marte e Saturno atuam de forma totalmente oposta. Quando estes planetas estão posicionados em suas dignidades celestes maiores, em casas astrológicas benéficas, sem conexão mais robusta com as casas astrológicas maléficas e livres de maus aspectos de planetas em mau estado, é prometida vitória e êxito através de experiências duras e extenuantes. Pode ser a carreira edificada com anos de estudo e com o enfrentamento de inúmeros obstáculos, por exemplo. Em estado cósmico oposto, além de experimentar as experiências ruins, estas conduzirão à miséria e derrota completas.
Este pequeno artigo tem a finalidade de debater objetiva e sinteticamente o celeuma dos planetas benéficos e maléficos na Astrologia. O tema será retomado, com o aprofundamento epistemológico que certamente lhe cabe. O leitor também será esclarecido de outros elementos com os quais ainda possa não estar familiarizado, que foram abordados nesta sintética escrita que lhes apresento.