quarta-feira, 31 de maio de 2017

Astrologia e Sincronicidade Cósmica

Muitas são as dúvidas daqueles que questionam os fundamentos e a funcionalidade da Astrologia. Algumas vezes, em algumas comunidades de temática astrológica nas redes sociais, falei que a relação entre Astrologia e nativo não é causal. A relação é de espelhamento, de sincronicidade cósmica, eu diria. Através da análise deste espelho celeste, o astrólogo é capaz de visualizar os três tempos tangíveis.A Astrologia não é tampouco determinista e fatal, como algumas correntes filosóficas fizeram-na parecer ao longo dos séculos. Apropriando-se do espelhamento e da sincronicidade o nativo poderá dirigir a sua embarcação até águas mais calmas ou, na impossibilidade disso, reforçar a embarcação para enfrentar a tempestade. O nativo poderá aproveitar aquela corrente marítima quente que lhe conduzirá a terras produtivas e de sucesso. Tudo isso acontecerá através do livre arbítrio alinhado aos sopros do destino. Isso somente é possível com o conhecimento da sincronicidade, com a antevisão dos eventos e a aplicação da ação adequada. Determinismo e possibilismo, as duas variáveis básicas da condição humana no decurso de sua existência.
Mas o fator básico que eu queria abordar é, de fato, a sincronicidade astrológica. Sua manifestação é implacável e ao mesmo tempo invisível se não receber a contemplação adequada para ser percebida. Tal qual um sismo de pequena amplitude, que somente os sismógrafos são capazes de registrar.A sincronicidade astrológica, que é a dorsal determinista da Astrologia, manifesta-se desde os eventos alinhados e desencadeados pelas Direções Primárias de uma natividade, passando pelo seu temperamento familiar astrologicamente herdado e chegando até aos eventos cotidianos correlatos. Tal fenômeno alinha os ponteiros de anos, meses, dias e horas de qualquer genitura.
Começando com um exemplo interessante. Uma natividade feminina, muito próxima a mim, com mais de sessenta anos de idade agora. É portadora de Saturno na casa V, em Virgem. Possui ascendente em signo fértil e demais significadores que lhe deram a possibilidade de ser mãe por três vezes. Saturno em V, todavia, destruiu outras duas gestações suas e a saúde dos filhos vivos não é livre de doenças crônicas. Contemplando a natividade dos filhos, observei a presença de Saturno na primeira casa de todos os mapas. Saturno em V no mapa da mãe é significador acidental e poderoso por posição dos filhos, seria a casa um dos filhos. A questão temperamental é interessantíssima também. Os filhos revezam posicionamentos de ascendente, signo do regente do ascendente, Sol, Lua entre eles e a mãe. É a hereditariedade astrológica.
Quando voltei os meus olhos para a minha carta natal, minha natividade e seus acontecimentos, vislumbrei diversas vezes a face da sincronicidade astrológica. Descobri que o meu pai tinha Marte em Escorpião, assim como eu e no mesmo grau, e não somente ele, mas um exército deles na minha família. Também descobri que a minha mãe também nasceu durante uma conjunção Marte e Saturno e eu, único filho dela, também nasci sob uma. O fato desta conjunção dar-se em Escorpião em meu mapa natal, signo de Marte na carta de nascimento do meu pai, é um sinal claro de hereditariedade astrológica, onde um aspecto e um posicionamento de cada genitor foi reunido na natividade do filho, influenciando desde o temperamento até os seus acidentes futuros na vida.
Mas isto ainda é pouco perto dos sinais de sincronismo que consegui captar nestes últimos anos. Como liguei os pertinentes receptores, pude sentir o vento dos sopros do destino. Comecei, tempestivamente, a levantar cartas de eventos, após a sucessão de fatos importantes na minha vida. Nada escolhido, nada marcado. Nenhum fator eletivo em jogo.
Em 2010, quando começara meu relacionamento, por exemplo. Após o momento cabal de início, olhei o horário no celular. Quando cheguei em casa, levantei o mapa e a carta trazia Escorpião no ascendente, com o seu regente, Marte, angular, no meio do céu, em Leão. Dois signos fixos, o ascendente e o do seu senhor. Sabia que o que estava começando ali, quer fosse bom ou mau, seria duradouro. Essa foi a primeira constatação.
Em 2011, tentei fazer uma eletiva para tomar posse em um cargo público, referente ao último concurso que fora aprovado. Não aconteceu no momento escolhido pois, apesar de levar todos os documentos necessários, haveria uma cerimônia conjunta de posse, com data ainda a ser ainda marcada. Fui chamado e a cerimônia atrasou. Assinei a posse e ao chegar em casa, levantei a carta. Novamente o signo de Escorpião ocupava o ascendente da carta. Fiquei desconfiado com esta coincidência.
Em 2014, quando assinei a posse definitiva do cargo, após o decurso do estágio probatório, cujos documentos foram elaborados com atraso de um mês e em outro horário bem distinto, lá estava Escorpião no ascendente e desta vez eu já desconfiava que isto aconteceria.
Ainda em 2014, após 30 anos de idade, mudei meu registro civil, recebendo o sobrenome do meu pai, tornando-me, legalmente, seu herdeiro (previ isso, talvez um assunto para outra postagem). Ele propôs, apesar de eu partilhar desta mesma ideia há muito tempo também. Em um dia qualquer, em um horário sem nenhuma escolha prévia, fomos ao cartório. Espera-se, papel vai, papel vem, assina aqui, assina ali. Olhei o horário quando assinei. Quando retornei para casa e levantei o mapa lá estava: Escorpião ocupava o signo ascendente, em conjunção estreita com Saturno.
Mas por que esta repetição? Por que Escorpião aparece insidiosamente nos acontecimentos da minha vida, dando seu testemunho a tudo? Há uma explicação astrológica. Neste signo, em minha natividade, há duas energias densas e poderosas: Marte e Saturno. Ambos são os responsáveis pela realização da minha motivação primária, pois regem o ascendente Capricórnio. Saturno é o Almuten Figuris da carta e Marte o único planeta domiciliado, o Senhor da Genitura de acordo com Lilly, mas, antes disso, um importante significador da motivação primária, pois goza de dignidades no ascendente e possui dignidades celestes e terrestres no mapa natal. Ele concede sua força e virtude a Saturno, o supremo senhor da carta. Eles sopram meu destino e nada mais plausível que em momentos focais, o local da morada natal de ambos, Escorpião, ocupe o ângulo mais importante de diversas cartas levantadas.
              Quem assistiu ao ótimo filme de Christopher Nolan, Interstellar, deve estar ciente de como toda a teoria da relatividade é trabalhada na obra. De como a gravidade é um elemento preponderante na teoria e na sua relação com o espaço e o tempo. É com o buraco negro do filme, Gargantua, que comparo esta conjunção na minha carta de nascimento. Uma força densa e espantosa que provoca distorções gravitacionais e temporais. A força que é capaz de colocar os mesmos graus da eclíptica no ascendente em eventos cruciais para o nativo em porções distintas do binômio espaço x tempo. É a sincronicidade cósmico-astrológica. É o efeito Gargantua.



terça-feira, 30 de maio de 2017

Princípios Fundamentais da Astrologia Tradicional - Os Domicílios e Regências Planetárias

Olá a todos!
Hoje serão explanados os princípios fundamentais para a compreensão das diversas temáticas astrológicas que serão abordadas neste blog. Esta introdução faz-se necessária a fim de preparar minimamente o leitor, fornecendo-lhe as ferramentas necessárias para o estudo da Astrologia Tradicional.
Primeiramente gostaria de enaltecer o pressuposto fundamental da Astrologia, que é aquele da representação da vivência humana através dos significadores astrológicos. Muitas vezes, na linguagem dos astrólogos, fica implícita uma suposta relação causal. Esta linguagem não será denegada aqui, até pelo caráter tradicional de sua utilização. Todavia, a relação entre os significadores astrológicos e os eventos, sejam eles pessoais ou mundanos, encontra lugar no princípio da sincronicidade cósmica. O céu é o espelho terrestre e o que acontece na esfera mundana pode ser visualizado e interpretado, nas três esferas temporais, pelo astrólogo.
Todo o sistema astrológico tradicional está baseado na luz ou deriva dela. Posto isto, pode-se afirmar que o Sol e a Lua são os astros naturalmente mais importantes para a Astrologia. O Sol é a luz diurna, ativa e masculina e a Lua é a luz noturna, passiva e feminina.
Os signos, amplamente conhecidos pelos estudantes iniciantes de Astrologia, não são personificações ou arquétipos. Os signos são territórios, os quais possuem relação de dependência e pertencimento aos astros errantes.
Aqui encontramos o conceito de regência e domicílios planetários. Toda a edificação deste sistema baseou-se, claramente, na definição da morada das duas luzes, como pode ser depreendida da leitura da conhecida obra Tetrabiblos, de Ptolomeu. A Lua, fria e úmida, astro mais rápido e feminino, agente comunicador da esfera celeste e mundana, recebeu como sua casa o signo solsticial do norte, o signo cardinal de água, o signo de Câncer. O Sol, quente e seco, astro definidor das estações geográfico-astronômicas, recebeu como sua morada o signo fixo, setentrional e de fogo, o signo de Leão.
Aqui, fica expressamente claro o privilégio dado ao hemisfério norte do planeta Terra, uma vez que os signos escolhidos para a morada das duas luzes são aqueles que marcam o início e o pleno estabelecimento do verão no hemisfério setentrional. Tal fato elucida o próprio caráter empírico do incipiente conhecimento astrológico milenar, desenvolvido por civilizações que habitaram, sem exceções, o hemisfério norte do planeta. Este hemisfério, ao contrário do meridional, é o hemisfério das terras e populações e o seu protagonismo, geográfico e astrológico, é um processo natural.
Os demais signos foram distribuídos aos outros astros errantes, conforme sua natureza operacional essencial e sua relação de aspecto angular com os signos domiciliares dos luminares. Saturno, o astro mais lento e distante, frio e seco e totalmente contrário à vida, recebeu como seus domicílios os signos opostos aos domicílios do Sol e da Lua. Logo, para Saturno coube a regência sobre os signos de Capricórnio e Aquário. Júpiter, planeta temperado, moderadamente quente e úmido, recebeu como suas moradas os signos que fazem aspecto de trígono com os domicílios dos luminares. Júpiter rege, logo, Sagitário e Peixes. Marte, planeta extremamente quente e seco, contrário à vida, recebeu como domicílio os signos que fazem aspecto de quadratura às moradas do Sol e da Lua. Marte foi escolhido como regente dos signos de Áries e Escorpião.
Vênus, planeta temperadamente frio e úmido, favorável à vida, recebeu como seus lugares aqueles signos que fazem aspecto de sextil aos domicílios dos luminares. Vênus rege, assim, Touro e Libra. Mercúrio, planeta mais próximo do Sol, de caráter dual e conversível, dependente dos planetas aos quais se alia, recebeu como moradas os signos que estão inconjuntos aos domicílios do Sol e da Lua. Assim, Mercúrio rege os signos de Virgem e Gêmeos. Dessa forma, fica completa a mandala astrológica de regências planetárias, conforme pode ser observado abaixo:





Um resumo didático final:

Saturno - o grande maléfico - natureza de oposição - 180° - rege Capricórnio, que se opõe a Câncer e Aquário, que se opõe a Leão.
Júpiter - o grande benéfico - natureza de trígono - 120° - rege Sagitário, que faz trígono a Leão e Peixes, que faz um trígono a Câncer.
Marte - o pequeno maléfico - natureza de quadratura - 90° - rege Áries, que faz quadratura a Câncer e Escorpião, que faz quadratura a Leão.
Vênus - o pequeno benéfico - natureza de sextil - 60° - rege Touro, que faz sextil a Câncer e Libra, que faz sextil a Leão.
Mercúrio - conversível e dúbio - natureza de inconjunção - 30° - rege Virgem, que está inconjunto a Leão e Gêmeos, que está inconjunto a Câncer.