No último dia 04 de novembro ocorreram as eleições presidenciais nos Estados Unidos. Se trata de um processo extremamente disputado e com maior participação popular em mais de um século, conforme as apurações já contabilizadas nos revelam até o momento. À luz da Astrologia Tradicional, podemos realizar diversos caminhos para se tentar chegar à figura do próximo presidente eleito. Comecemos pela Astrologia Natal.
Donald Trump possui uma carta natal com o ascendente no último grau do signo de Leão. Sua aparência e temperamento excluem qualquer dúvida quanto à possibilidade de um ascendente no signo de Virgem. Trump nasceu com a estrela real Regulus em seu ascendente. Esta estrela fixa possui a natureza de Marte e Júpiter, de acordo com Ptolomeu, e promete ambição pelo poder, elevação e caráter exitoso. No meio do céu de sua natividade encontramos a estrela Algol, a mais maléfica de todas, que promete morte violenta e desgraças diversas.
A natividade de Donald Trump é diurna e o Sol, luminar condicional da carta, está colocado em Gêmeos, na casa XI, em conjunção à Cabeça do Dragão. Está forte, em signo masculino e sucedente. Forma um sextil com Marte, um trígono com Júpiter, o Almuten Figuris da natividade, e recebe a luz da Lua através de uma oposição, que tem poder de exaltação sobre o meio do céu de sua carta natal.
O período de cronocracia determinado pela Firdaria em 2016 era mais favorável a Trump do que o atual. Tínhamos a regência do Nodo Norte, que está afinado com o Sol em sua natividade. O luminar diurno é um significador essencial de poder e realeza. A Cabeça do Dragão tem o poder de amplificação análogo a Júpiter. Em 2020, com a Firdaria regida pelo Nodo Sul, que forma conjunção com a Lua e cuja natureza é semelhante a Saturno, a sorte e a popularidade são diminuídas.Durante a Firdaria do Nodo Norte, Trump foi eleito Presidente dos Estados Unidos pela primeira vez. A Firdaria que o atual Presidente experimenta no momento é a da Cauda do Dragão. Donald Trump nasceu durante um eclipse lunar, com a Lua conjunta ao Nodo Sul. Tal fator coloca o atual Presidente em afinamento maior com os acontecimentos mundanos mais drásticos, para sua sorte ou azar.
Joe Biden nasceu sob o ascendente em Sagitário, de acordo com os registros do Astrodatabank. O Sol, luminar condicional da carta, aparece em Escorpião, na casa XII. Apesar de ser um político de carreira, tal configuração, com a carta repleta de planetas cadentes e inconjuntos ao ascendente, sem apoio de estrelas fixas de maior relevância, acena para maior discrição e impopularidade. De fato, se trata de uma carta com capacidade de projeção muito menor do que a de Donald Trump.
Biden possui Saturno em sua casa VII, em conjunção com a estrela Aldebaran. Nesta morada terrestre, o grande maléfico fala mais a respeito de seus adversários políticos. Aldebaran possui a natureza de Marte, para Ptolomeu, e indica popularidade, sagacidade, inteligência e elouquência. Tais predicados recaem sobre seus adversários ou inimigos declarados. Saturno não possui nenhuma relação com o ascendente da carta.
Vamos analisar as Revoluções Solares e Profecções do ascendente. Começando por Donald Trump. A Profecção do ascendente chega à Libra, sua casa III natal. Tal ascendente aparece disposto na casa IV revolucional. O ascendente do mapa de Revolução Solar é Câncer, que corresponde à casa XII natal. Com a chegada da Profecção do ascendente à Libra, Vênus e Júpiter são candidatos a planeta regente do ano. Vênus rege Libra e Júpiter está neste signo na carta natal.
Júpiter me parece mais forte, por ocupar o ascendente profectado na natividade e por aspectar o ângulo em profecção com maior perfeição. Júpiter está em Capricórnio na carta revolucional, em queda e angular no descendente, que corresponde à casa VI de Trump. A Cauda do Dragão, que rege a Firdaria, está colocada na casa VI revolucional e retorna ao signo que ocupava na natividade do Presidente. Por conseguinte, o Sol se junta ao Nodo Norte, consoante ao tema natal.
O planeta regente da casa X natal, Vênus, aparece no signo de Gêmeos, junto com o Sol, mas distante de sua conjunção, em movimento retrógrado. Vênus caminha na direção de um trígono com Saturno, senhor da casa VII revolucional. Marte rege a casa X anual e aparece disposto na casa IX, no signo de Peixes, com a Lua. A Parte da Fortuna anual está colocada na décima casa.
A carta revolucional de Joe Biden, que perdura até o seu aniversário em quinze dias, apresenta o ascendente em Virgem, signo que corresponde à casa X natal do candidato do Partido Democrata. A Lua aparece em conjunção a este ângulo, denotando aumento de popularidade, considerando o direcionamento do meio do céu natal para o ascendente anual.
A Profecção do ascendente de Biden chega ao signo de Touro, que corresponde a sua casa VI natal. Neste local e na natividade, encontramos a presença da Lua e da Parte da Fortuna. Com a chegada da Profecção do ascendente a Touro, Vênus e a Lua são os astros candidatados ao posto de planeta regente do ano. A Lua parece melhor disposta para ser eleita, pois está colocada neste signo no mapa natal, lança um trígono a partir de sua posição revolucional e está angular no tema de revolução anual. Vênus, que pode ser tomada como um co-regente do ano, está colocada em Sagitário, em conjunção com Júpiter e disposta na casa IV revolucional, que corresponde ao ascendente natal de Joe Biden.
A natividade de Donald Trump, conforme já dito, possui maior capacidade de projeção e afortunamento mundano. Todavia, as predições não indicam uma fase favorável ao atual Presidente dos Estados Unidos. Joe Biden possui um céu natal mais modesto, com maior afortunamento e popularidade indicados pelo movimento de sua carta natal através das técnicas preditivas.
Levando o tema ao escrutínio da Astrologia Mundial, não se pode contar com a fidedignidade dos dados que geraram as cartas de independência – existem quatro diferentes, apenas desta – e da lavratura da Constituição dos Estados Unidos. Todas possuem classificação baixa no banco de dados do sítio Astrodatabank. O caminho mais correto é utilizar a carta de ingresso solar de 2020 levantada para Washington, capital nacional.
Tal tema mundano apresenta o ascendente em Escorpião, signo fixo, indicando a validade desta carta pelo período de um ano. O governo atual é representado pela casa X, colocada em Virgem e regida por Mercúrio em Peixes, colocado dentro da casa III, mas em sensível proximidade de orbe de conjunção com o Imum Coeli. Apenas meio grau separa Mercúrio e sua meia orbe do fundo do céu da carta.
A oposição é representada por Júpiter, em queda no signo de Capricórnio, em conjunção com Marte e colocado na casa II. Marte rege a décima casa a partir da casa IV, que indica, além do próprio país, seu povo e sorte, o êxito da oposição. Tal conjunção pode denotar afinidade entre os anseios do país e os ideais e propostas oposicionistas. A décima casa a partir da casa X é a sétima, regida por Vênus em Touro. A fortuna menor recebe uma quadratura da Lua, que representa o povo, as pessoas em geral e indica algum grau de popularidade para o atual governo. Vênus forma um trígono com a Parte da Fortuna da carta.
Outro caminho utilizado por mim foi através da Astrologia Horária. Levantei a questão em 02 de novembro, às 21h26min, hora local. Perguntei se Donald Trump seria reeleito Presidente dos Estados Unidos. A Lua governa a hora e ocupa a mesma triplicidade do planeta regente do ascendente, Mercúrio, sendo disposta por ele. A radicalidade é atestada. Não tenho predileção ou antipatia por nenhum dos lados na disputa. Dei a casa I e seu senhor a Donald Trump, detentor do poder e a casa VII e seu governante a Joe Biden, o desafiante. É interessante lembrar que o local do descendente da carta levantada corresponde ao ascendente natal de Biden, ratificando a representação do candidato na figura horária.
O ascendente do tema horário é Gêmeos e Mercúrio está em Libra, retrógrado e se separando de uma quadratura com Saturno. No ascendente encontramos a presença do luminar noturno, que se aplica através de um trígono partil a Vênus, que está domiciliada e angular no signo de Libra, na casa IV. A Cabeça do Dragão está na primeira casa e amplifica a representação do ente alocado nesta morada. Em contrapartida, o nodo sul se comporta de modo oposto em relação à sétima casa e seus representantes.
Para Donald Trump, seria positivo um contato do senhor do ascendente ou da Lua com o astro regente da casa X. Não há. Mercúrio retrograda, mas retoma o seu movimento direto antes de formar aspecto com Júpiter. Todavia, há um aspecto partil entre a Lua, um dos significadores de Trump, e Vênus, o Almuten do meio do céu da carta. Júpiter, planeta regente da casa VII e representante de Joe Biden, lança um sextil em direção ao meio do céu do mapa horário, local que rege. Júpiter está em queda, na maléfica casa VIII e ao lado de Saturno. Tais fatores o debilitam e o desafortunam.
Na décima casa encontramos Marte, o pequeno maléfico. Uma infortuna na casa X tem representação prejudicial a Trump. De modo oposto, a décima casa derivada a partir do descendente, que é a quarta, abriga Vênus, que é uma fortuna. Bom para Biden. Donald Trump é representado por um Mercúrio retrógrado, sucedente e em quadratura com Saturno, com recepção envolvida. Joe Biden é significado por Júpiter, igualmente sucedente, mas em uma casa desafortunada, que é a oitava, em queda e ao lado de um maléfico essencial. A Lua co-significa Trump e o seu contato fluente com o Almuten da casa X é positivo para o atual Presidente.
Resumindo toda a ópera. Pela Astrologia Natal, temos uma carta de maior destaque e potencialidades, que é a de Donald Trump. O seu momento, contudo, não é positivo pelas predições e Joe Biden leva boa vantagem aqui. Através da interpretação que pode ser realizada sob a ótica da Astrologia Mundial, Mercúrio, significador do atual governo, está no limiar para ser considerado um planeta angular na carta do ingresso solar em Áries deste ano. Júpiter, regente da oposição, está sucedente. A conjunção Júpiter-Marte afina opositores do governo com os anseios do país. Marte recebe Júpiter. O país recebe Joe Biden.
Se Mercúrio for considerado angular, em comparação à colocação de Júpiter em casa sucedente, vantagem e maior força para o governo. Como existe a diferença de meio grau para além da meia orbe de Mercúrio, a possibilidade de sua cadência pode ser aventada. Nas interpretações natais que realizo, assinalaria Mercúrio como um planeta angular, pois geralmente há algum grau de arredondamento no horário de nascimento para mais, em termos de minutos. Em Astrologia Mundial, o horário do ingresso do Sol em Áries não é variável e, a rigor de sua orbe, Mercúrio é um planeta cadente no tema mundano.
Através da Astrologia Horária, há maiores indicações que corroboram com a reeleição de Donald Trump. Mercúrio aparece mais afortunado na carta quando comparado a Júpiter e a disposição da Lua no ascendente, em trígono partil com Vênus, Almuten do meio do céu, é uma indicação mais sólida de vitória, em que pese a presença de um planeta maléfico essencial, Marte, na casa X, da carta horária. Neste caso, contudo, devemos ter em mente que questões horárias nas quais o astrólogo inquere e interpreta devem ser analisadas com muito cuidado e com ciência dos limites que tal procedimento pode gerar com relação à fidedignidade da predição assinalada.
Se trata de um tema espinhoso e com indicações muito divididas neste caso, sob a égide das vertentes natal, mundana e horária da Astrologia Tradicional, para ambos os candidatos, que vão ao encontro de uma eleição que está sendo disputada voto a voto em muitos estados-chave da eleição norte-americana e que pode ter desdobramentos judiciais, recontagem de votos e muita demora até à anunciação de um resultado oficial.
As chances matemáticas de acerto são de cinquenta por cento, no início do processo. Achar esta porcentagem correta, com fundamentação e obediência à realidade, é bem mais difícil, considerando todos os interesses que permeiam o processo eleitoral mais visado do mundo e os eventos mundanos maiores que podem virar um jogo ganho e derrubar uma vitória praticamente certa.
Neste momento de apuração dos votos, enquanto encerro este artigo, Joe Biden tem uma probabilidade matemática altíssima de ser eleito como o novo Presidente dos Estados Unidos. Trump parece não estar tão bem conectado ao “Zeitgeist” neste ano como em 2016. A pandemia de COVID-19 pode ter sido o evento mundano que veio a promover o desmoronamento de uma reeleição praticamente certa ao Partido Republicano. Nascido sob um eclipse, Donald Trump vive a vida surfando nas ondas mundanas de sorte e azar. O momento não é de sorte para ele. Mas, a despeito disso, a sua natividade é mais robusta que a de seu concorrente.
Se Joe Biden for eleito, provavelmente teremos um Presidente bem mais fraco em sua expressão e ações na Casa Branca. Muita resistência e dificuldades para promover e canalizar a sua agenda. A carta da próxima posse presidencial dos Estados Unidos deve ser analisada, em consonância com a natividade do Presidente eleito, para se realizar uma projeção fundamentada acerca do mandato presidencial que tem o seu início em 2021. Os dados ainda rodam, contudo.
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