Um interessante tema que merece a atenção
de todos os astrólogos é a celeuma que envolve as dimensões determinista e
possibilista na Astrologia. O primeiro princípio que devemos nos ater é de que
a ciência astrológica representa e obedece à realidade. Logo, e aqui me refiro
especialmente ao ramo natal da Astrologia, os mapas astrológicos espelharão
realidades completamente distintas se estivermos analisando natividades pertencentes
a conjunturas sociais e culturais dicotômicas, com as suas implicações
econômicas próprias.
O mapa natal de um indivíduo que nasce em
um país escandinavo não revelará manifestações semelhantes no plano real em
comparação àquela carta natal idêntica e que espelha a natividade de um ser
humano que nasceu em um país repleto de pobreza e desigualdades sociais. O
próprio contexto socioeconômico mais íntimo do nativo que possui o seu mapa
natal analisado precisa ser desvendado para que a interpretação astrológica
possua maior grau de fidedignidade, ainda que já esteja definido o contexto
social maior ao qual o indivíduo está subordinado.
A dimensão temporal e mundana se sobrepõe
às particularidades natais. Logo, não é de se esperar as mesmas manifestações nos
nativos que viveram em épocas distintas, com recursos tecnológicos totalmente
diversos. Os grandes movimentos mundanos, que conduzem aos períodos de
abundância, escassez, paz ou guerra ocupam uma esfera superior em poder e as
natividades estarão determinadas ao seu contexto histórico próprio, seja por
eventos naturais ou produzidos pelas sociedades através dos tempos.
Até aqui já vislumbramos a subordinação
da Astrologia à realidade e as grandes determinações sob as quais todo o
conjunto de natividades estará sujeito. As pequenas determinações residem em
elementos imutáveis de todo e qualquer mapa natal. Não é possível escolher o
corpo físico, suas características fundamentais e o temperamento. A motivação primária de vida e o propósito que
temos para a nossa existência também não podem ser alterados. As nossas
potencialidades natas, que conduzem à diligência e competência natural em
determinadas searas da vida são bênçãos que não podem ser denegadas. As
debilidades que possuímos, causando dificuldades na realização ou na vitória
sobre determinados problemas específicos da vida são igualmente naturais e
impassíveis diante de nossa vontade.
Mas então, onde o possibilismo encontra o
seu lugar? Diante do conhecimento revelado pela Astrologia, podemos ser mais
conscientes da plena caracterização vital que temos e trabalhar, através de
nossas ações e da forma mais positiva possível, a nossa realidade, em conexão
com o mundo material e as esferas intangíveis da existência humana
Uma bela promessa natal, sem a aplicação
das justas ações por parte do nativo para a sua realização, pode se tornar
inefetiva. Não por acaso recebe o nome de promessa. A sua indicação pode ser
análoga a de uma imensa reserva de riquezas naturais que podem ser
desperdiçadas através dos tempos. A melhor das configurações planetárias em uma
previsão é como um vento que sopra forte a favor do nativo. Contudo, se a sua
embarcação não estiver preparada, poderá perder tamanhas facilitações
proporcionadas pelo destino.
As más sinalizações do tema natal podem
ser depreendidas de forma análoga. Uma má promessa não precisa ser uma
realização inexorável. Conhecer a raiz de um problema sinalizado por um
significador ou por uma determinada configuração aflitiva de múltiplos
significadores é salutar para possibilitar a resolução dos problemas
assinalados, evitando-os ou mitigando a sua manifestação.
Se existe uma predisposição para que um nativo sofra acidentes, é necessário averiguar em quais circunstâncias estes
eventos podem ocorrer e quais seriam as suas causas. O nativo deve ser
aconselhado para evitá-las, principalmente quando tais promessas natais
encontrem o respaldo e a atualização através das técnicas preditivas.
Enfim, existe uma justa medida entre as
dimensões determinista e possibilista na vida de um nativo, materializadas na
sua esfera de realidade pessoal. Comparo cada um de nós a um viajante. Não
escolhemos o seu corpo ou a sua saúde. A sua mochila vem com determinados tipos
de suprimentos, enquanto outros claramente não estão à sua disposição. Ele terá
habilidade com algumas ferramentas, em contraponto a outras que desconhece a
sua utilização. Se desejar empregar estas últimas, terá de se dedicar para se
tornar um aprendiz eficiente. Se quiser conquistar os suprimentos que não
possui, terá de se dedicar ainda mais para conquistá-los.
De todo modo, a estrada da vida sempre
apresentará bifurcações e possibilidades de escolha. Devemos estar atentos e
muito conscientes de nossas decisões para que não repitamos eternamente o nosso
padrão de escolhas. O Almuten Figuris revela muito do que está por detrás de
nossas decisões. Conhecê-lo em toda a sua complexidade e profundidade é imprescindível para a conscientização acerca do nosso propósito vital e de nossas ações mais
importantes ao longo da vida, diante da apresentação dos maiores desafios que
irão exigir uma tomada de posição e consequentes decisões.
Parabéns! Muito bom artigo!!
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