Esta postagem destina-se ao
estudo astrológico, de finalidade didática, acerca da interpretação da carta
natal de Eloá Cristina Pimentel, vítima de sequestro e assassinato em 2008, sob
a ótica da Astrologia Tradicional e de suas técnicas preditivas pertinentes. A
vítima, conforme dados de domínio público, nasceu às 23h40min do dia
05/05/1993, em Maceió-AL. O seu mapa natal pode ser visualizado abaixo:
Eloá nasceu sob um ascendente em Aquário, com Saturno posicionado
no último grau do signo ascendente. Saturno rege o ascendente e a casa XII. A
carta é noturna e temos a Lua em conjunção ao meio do céu, no signo de sua
queda, em Escorpião. Este astro é o Hyleg, planeta doador de vida da
natividade. Esta mesma Lua está em oposição partil ao Sol em Touro, angular, no
fundo do céu.
Sejam em natividades, figuras horárias ou eletivas, as conjunções,
as quadraturas e as oposições formadas pelos luminares são sempre nefastas.
Caráter este que é acentuado pelo mau estado cósmico do Sol e da Lua, seja pela
debilidade celeste, terrestre ou pela acidentalidade de estarem determinados
por regência às casas maléficas ou envolvidos em aflições com os planetas
maléficos.
No mapa em tela, percebe-se que a Lua, doadora da vida, está
essencialmente debilitada por estar em Escorpião, local de sua queda. A
oposição partil com o Sol, sem recepção, aflige-a ainda mais. A regência da Lua
sobre a maléfica casa VI termina por sacramentar a sua posição como um astro
maléfico acidental na carta analisada.
Cabe lembrar que esta Lua em queda está angular, dando-lhe poder
para más significações. A Lua, antes de sair de Escorpião, aplicar-se-á por
quadratura a Saturno, reforçando mais um testemunho de seu caráter maléfico. A
posição debilitada, em signo de planeta inimigo, reforça seu teor destrutivo e
incapaz de ser mantenedora segura da vida doada.
O planeta destruidor da vida é chamado de Anareta. Existem muitas
formas de identificar tal significador. Todavia, preferencialmente Saturno ou
Marte tem vocação especial a ocuparem tal posição. Outros astrólogos (Morin,
por exemplo) recomendam a análise do planeta regente da casa VIII, do
dispositor do regente da casa VIII, de planetas na casa VIII, dentre outras
indicações. Saturno é o planeta que tem o maior testemunho para ser escolhido
como Anareta desta natividade, pois é o maior maléfico natural (pior para os
nascidos à noite) e rege uma casa igualmente maléfica e de desintegração, a
casa XII. Mercúrio, planeta regente da casa VIII, está peregrino e cadente na
casa III, em Touro. Vênus, exilada em Áries, lança uma oposição à casa VIII.
Júpiter está posicionado em Libra, signo de sua triplicidade, na casa VIII. Os
dois astros benéficos tem algum testemunho sobre a morte da nativa também,
sendo co-significadores anaréticos.
O evento violento se deu em outubro de 2008. Neste período estava
ativada a Firdaria de Saturno, o Anareta da carta. O subperíodo era o de Vênus,
planeta dispositor do regente da casa VIII e com testemunhos sobre a morte da
nativa. Em maio de 2008, a Profecção do ascendente chega ao décimo nono grau de
Touro. A Lua é regente do ano e o Sol, um importante assistente. Conforme o
mapa revolucional abaixo, o Sol e a Lua estão em conjunção no signo de Touro,
na casa VIII da Revolução Solar. Este testemunho reativa a configuração tensa
que envolve os dois luminares no mapa natal, bem como, traz a casa VIII e o
tema morte em evidência para o ano.
Cabe ressaltar, também, que o ascendente
do mapa revolucional de 2008 traz em elevação o signo de Libra, lugar de
Júpiter natal, que corresponde à casa VIII radical, fomentando a indicação de
morte e perigo à vida da nativa. Em complemento, Vênus, sub-regente da Firdaria
e co-significadora de morte no mapa natal, ocupa também a casa VIII do mapa de
Revolução Solar.
Saturno, o planeta destruidor da vida,
ocupa casa XII do retorno solar, reativando sua analogia essencial e acidental,
no mapa da nativa, com esta casa. A casa XII significa privação de liberdade e
encarceramento. A posição de Saturno corresponde à casa VII natal, indicando
que os maiores problemas viriam de parcerias e uniões. Este testemunho confirma
a promessa natal, uma vez que o Sol, que fere a Lua, no mapa natal e no mapa
revolucional, é regente da casa VII no mapa radical.
Chegando ao topo das técnicas preditivas
disponíveis, a análise das Direções Primárias mostra a direção de quadratura da
Lua dirigida a Saturno, que teve início um pouco antes do seu último
aniversário. Era a direção mortífera, do Hyleg ao Anareta. O melhor candidato a
Alcocoden, planeta doador dos anos de vida, de Eloá, era Mercúrio, pois regia
os termos do Hyleg. Todavia, os raios de Mercúrio não se projetam sobre seus
termos, em Escorpião. Valens afirmava que quando o Alcocoden não lança sua luz
sobre o lugar do Hyleg, os anos por ele prometidos são ameaçados e podem não
ser cumpridos em sua totalidade. Mercúrio lhe daria 20 anos de expectativa de
vida, seus anos menores, caso houvesse a sua guarnição ao Hyleg. Seguindo um
outro caminho, Marte poderia ser escolhido como Alcocoden, por ser Almuten do
Hyleg. Como planeta maléfico, cadente e sem maiores dignidades e aflições,
daria também seus anos menores, 15 anos.
Eloá morreu com 15
anos, 5 meses e 13 dias. Ela foi mantida em cárcere privado (Saturno, casa
XII), por motivos passionais e violentos (Vênus em signo de Marte,
testemunhando a casa VIII), juntamente com a amiga (Júpiter, regente da casa
XI, testemunhando e presente na casa VIII) e acabou por ser executada com um
tiro de arma de fogo (morte violenta, conforme vários testemunhos já elencados).No
início do evento, por trânsitos, a Lua estava em Áries, ativando Vênus natal,
sub-regente da Firdaria. Mercúrio estava em Libra, passando pela casa VIII
natal, a qual rege. Marte estava em Escorpião, opondo-se a Mercúrio natal e
tensionando a oposição Sol-Lua do mapa radical. Através das direções da
profecção, o evento foi disparado quando o grau do ascendente profectado chega
a Gêmeos, signo e termos de Mercúrio, senhor da casa VIII natal e faz aspecto
de quadratura com Saturno revolucional, em Virgem, na casa XII.
Esta interpretação
astrológica nos convida à análise do polêmico tema da morte, inexorável para
todo o ser humano, sob o prisma analítico da tradição astrológica. A primeira
lição nos leva a considerar o caráter potencialmente destrutivo de planetas
maléficos determinados às casas maléficas. Este testemunho torna-se ainda mais
poderoso se existe a angularidade. Ficou evidenciado que a dignidade celeste
não torna um planeta maléfico menos nefasto em sua simbologia se a sua
determinação natal é ruim. Este é o caso de Saturno em Aquário no mapa de Eloá,
regente da casa XII e posicionado no ângulo ascendente.
Outra evidência
interessante está no potencial destrutivo dos luminares quando ocupam os
ângulos de uma natividade e estão em mau estado cósmico. É o caso da Lua da
nativa, em queda e regente da maléfica casa VI. A mútua aflição dos luminares,
através de seus aspectos de quadratura, oposição e conjunção mostra-se
igualmente como um fator negativo, assim como em cartas astrológicas de outras
naturezas. Há aforismos que advogam que a presença desafortunada dos luminares
nos ângulos pode ser fator predispositor ao suicídio. Eu acrescentaria que tal
configuração predispõe, igualmente, à morte violenta de qualquer natureza.
Por fim, comprova-se
que quando as técnicas preditivas de alta e média hierarquia anunciam um evento
prometido na natividade, por suas ativações simultâneas, a realização deste
torna-se completamente factível durante o período analisado. A típica
combinação preditiva astrológica medieval, composta pela junção da Firdaria,
Profecção e Revolução Solar, somadas ao elevado testemunho das Direções Primárias,
mostram acurácia analítica e preditiva extremamente elevadas na prática
astrológica.
O refinamento de
tempo, que deverá ser buscado dentro do intervalo anual analisado pelo
astrólogo, para uma delimitação mensal, semanal e diária do evento prometido,
deve dar-se a partir da utilização de técnicas preditivas auxiliares, como as
Direções da Profecção do Ascendente, Direções do Ascendente da Revolução Solar,
Revoluções Lunares e Trânsitos.
O que pode ser
depreendido a partir da análise deste mapa e de outros que realizei cujo
falecimento deu-se precocemente através de doenças, é que os testemunhos de
morte são muito mais sutis se comparados àqueles nos quais a morte deu-se por
causa violenta. Quando se tem esta situação, seja pela morte violenta acidental,
causada dolosamente por terceiros ou autoinduzida, observam-se testemunhos mais
numerosos e agressivos, envolvendo os ângulos, os planetas maléficos, os
luminares, as casas maléficas e seus regentes, seja na natividade, seja na
análise preditiva de direções e mapas revolucionais. Em comum, pode ser
observado sempre algum ataque ao Hyleg ou o esgotamento dos anos prometidos
pelo Alcocoden. Igualmente, as técnicas preditivas trazem à luz pontos
nevrálgicos da natividade que estão conectados à morte, como as casas VIII, VII
e IV, em destaque, e os planetas de manutenção ou destruição da vida, como o
Hyleg, e todos os significadores anaréticos, que são Marte e Saturno, os
senhores da casa VIII e os eventuais planetas ocupantes desta casa maléfica.